Estávamos em casa e eu dormia, na nossa cama, depois de ter ido no
escritório pela manhã. O Luan estava na sala quieto, dedilhando no violão, ele
estava assim desde quando eu tinha chegado. Acordei, mas continuei com os olhos
fechados, ouvi ele entrar no quarto e senti o colchão afundar; ele havia
sentado ao meu lado. Abri meus olhos e ele sorriu, sentei na cama,
preguiçosamente, e senti o Rafa se mexer.
-Que foi? Olhei pra ele.
-Compondo...!
-Saiu alguma coisa?
-Umas frases, mas eu não gostei! Ele fez careta.
-Você sempre diz isso e quando eu vou ver a música é bonita! Por falar
nisso...! -Levantei e abri uma gaveta, pegando uma pasta, pequena, e sentei na
cama, novamente. -Olha isso! Entreguei a ele.
Na pasta eu tinha guardado algumas coisas nossas, como a primeira carta
que escrevemos um para o outro, mas eu queria que ele visse que eu guardei
todos aqueles papeis que ele jogava fora, com canções que ele não tinha
gostado. Eu sempre pegava as anotações dele, gostava de guardar, mostrava o que
ele estava sentindo, no dia que escreveu, mostrava, de certa forma, o que ele
pensava e uma ideia que poderia servir para depois.
Ele olhava os papeis e sorria, olhando pra mim. Ele pegou cada um,
daqueles papeis amassados que iria para o lixo e lia. Alguns só tinha uma frase
ou uma palavra, outros músicas inteiras ou palavras escritas aleatoriamente.
Palavras soltas que ele lia e algumas ele "reciclou", anotando em
outro papel. Ele ficou quieto lendo e relendo os papeis, eu apenas o observava quieta.
-Caramba amor! Não sabia que guardava essas coisas! Ele me olhou.
-Eu gosto! Acho que não é justo jogar fora as coisas lindas que você
escreve! Sorri.
-Ler isso! Ele me entregou o papel que ele anoutou algumas coisas.
"Foram todas pensadas em você!"
-Besta! Sorri.
-Vou chamar uma galera pra vi aqui em casa, pode ser?
-Claro! Adoro ver você compondo! Amor, vamo no supermercado?
-Isso é desejo ou brincadeira? Você odeia mercado e fila! Ele me olhou
surpreso.
-Sei lá! Deu vontade, vamo vai! Que nem um casal normal, por favor!
Pedia dengosa.
-O que você me pede, com esse jeitinho, que eu não faço? Ele respirou
fundo.
-O lado bom é que a gente fica juntinho! Pisquei pra ele e o abracei
derrubando-o na cama, e ele riu me beijando.
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