Eu senti que estávamos em movimento, logo constatei que estávamos no
carro. Lutei com todas as forças que eu tinha para abrir meus olhos e o
tranquilizar. Ele alisava a minha mão, e suas lágrimas insistam em molhar meu
rosto. Finalmente consegui abrir meus olhos, devagar, e os abri por completo.
Olhei em volta e apertei a mão dele, a dor tinha voltado. Me olhei e o medo
aumentou, toda a minha roupa estava manchada de sangue.
-Mô o nosso filho! Mô ajuda ele! Pedi a ele chorando.
-Mô não faz assim, comigo! Ele me abraçou forte, o choro dele tinha
aumentado.
-Luan ele vai ficar bem, não vai? O perguntei.
-Vai! Eu prometo! Fica quietinha! Ele pediu ainda chorando.
Chegamos ao hospital e a minha médica já esperava por nós, com alguns
enfermeiros, para me levarem de maca para fazer os exames, para saber o que
tinha acontecido comigo.
-Andreia ela vai ficar bem? Minha mãe perguntou a Doutora.
-Não sei! –Ela olhou para o Luan. –Ela tinha que ficar quieta!
Ela me levou com os enfermeiros para uma sala, onde trocaram a minha
roupa e começaram a fazer alguns exames. Eu ficava olhando para a cara que a
médica fazia para tentar extrair dela alguma informação. Ela não falava nada,
apenas observava o resultado de alguns exames. Meu medo só aumentava.
-Doutora, por favor, me fala alguma coisa! Pedi ao segurar a mão dela.
-Vou falar, daqui a cinco minutos, e não vai ser só pra você! Ela me deu
as costas cochichando algo no ouvido de uma enfermeira.
Me levaram para o quarto, e quando eu entrei vi o Luan, ele veio em
minha direção e ficou ao meu lado até me colocarem na cama do quarto.
-Ela te falou alguma coisa? Ele me perguntou.
-Nada! Nos olhamos com o mesmo medo, no olhar.
-Pronto! Agora vocês vão me ouvir! A médica entrou no quarto fechando a
porta.
-O nosso filho está bem? O Luan perguntou.
-Está! Está tudo ótimo!
O Luan me beijou. Nunca sentir um alívio tão grande, mesmo estando
dentro de mim, ele já era responsável por um amor inexplicável. O nosso filho
era a coisa mais importante, para nós.
-Agora eu só digo uma coisa a vocês! Vocês têm que tomar cuidado! Você
colocou em risco a vida do seu filho, mocinha! Você fez coisa demais! E nem
adianta falar que está seguindo todas as prescrições que eu e a sua médica de
Londrina, a Daniela, mandamos. Por que se tivesse não iria fazer tanto esforço!
Sangramento no quinto mês apresenta risco! Agora a senhorita vai ficar em casa,
durante uma semana sem fazer nada, absolutamente, nada! Está me ouvindo? Ela
falou sério com nós dois.
-Ela não vai fazer nada! O Luan me olhou.
-Ok! Doutora! Não faço, mesmo, nada!
-Espero que vocês tenham aprendido! A médica saiu do quarto.
-Espero que você tenha ouvido a médica! Ele me olhou sério.
-Ouvi!
-Por que eu nunca vi uma pessoa tão teimosa!
-Luan, me erra! Me estressei.
-Não! Não vou! Quantas vezes eu te disse que...
-Sério! Eu quase perdi meu filho e você, realmente, quer brigar? Se for
assim, pode sair daqui! Apontei pra porta e meus pais nos olhavam.
-Desculpa! Eu... Fiquei com medo de perder vocês! Te amo muito! Amo
vocês demais, não me vejo mais sem vocês! Vocês são meu presente, passado e
futuro, entende isso amor! Ele chegou mais perto.
-Eu sei! Mais não fala assim, também!
-Não falo mais nada! Ele me beijou.