Senti ele deitando ao meu lado, e a mão dele se
aproximou, mas ele desistiu e não me tocou. Estávamos deitados, um ao lado do
outro, eu estava virada de costas para ele. Respirei fundo e virei, olhando
para o teto. A gente não estava acostumado a dormir sem o abraço do outro.
-Vai ficar assim? Perguntei.
-Não sei! Ele me olhou.
-A gente não sabe brigar! Ri.
-Não mesmo! Ele sorriu.
-Desculpa, eu estava errada mesmo! Eu achei que
dava pra fazer tudo. O Soroca e o Fernandinho me perguntaram se não seria
melhor outro dia mais... Eu fui teimosa! O olhei.
-Mais eu continuo chateado!
-Eu sei! To me sentindo horrível! Virei para ele.
-Quer alguma coisa? Eu to com fome, vou pegar alguma
coisa lá em baixo, quer?
-Não, valeu! O observei levantar e tudo o que eu
desejei foi que o tempo voltasse.
Eu desci, ele estava demorando, fui ver o que ele
estava fazendo. Quando desci ele estava sentado no sofá, quase deitado. Nunca
tinha visto ele daquele jeito, comigo, e isso me fazia ficar mais culpada. Fui
para a cozinha e quando peguei água sentei em frente ao balcão. Ele levantou do
sofá e foi colocar o copo na pia, passando por mim sem demonstrar nenhum
sentimento.
-Vou dormir tá?! Ele avisou.
-Vai comigo na médica amanhã? Perguntei, mesmo
sabendo a resposta.
-Vou, claro! Ele subiu, para nosso quarto.
Fui para o quarto, algum tempo depois que ele, e
o encontrei deitado com os olhos fechados. Deitei ao seu lado e senti um vazio,
ver ele daquele jeito e o clima entre nós, fez com que meu coração parecesse
pequeno. Tentei dormir mais não consegui, apesar de estarmos um ao lado do
outro, a distância era enorme. Virei para ele, que continuava de costas para
mim, e me aproximei o máximo que pude, eu tinha que sentir o cheiro dele. Não
resistir e o abracei.
-Te amo, desculpa! Sussurrei em seu ouvido, e o
sentir arrepiar.
-Também amo muito! Ele segurou minha mão, para
abraça-lo mais forte.
-Desculpa ?
Ele não respondeu apenas me abraçou, e meu
coração doeu. O abracei forte, e fiquei cheirando o ombro dele, ele fazia
carinho em meu cabelo, enquanto uma lágrima caia dos meus olhos. Eu estava
arrependida, mas não sabia como desfazer aquela situação. Aquela noite foi ruim
pregar os olhos, fiz de tudo mais não conseguia.
Durante a noite ele se mexeu, para mudar a
posição, enquanto dormia. E eu o observei, fiquei ao seu lado sem falar nada,
apenas o observei. Ele ainda segurava minha mão, e eu sorri. Talvez
estivéssemos demonstrando carinho, pelo simples fato de estamos acostumados a
dormirmos juntos, porque entre nós, naquele momento, não cabia nada daquilo.
Levantei e o deixei na cama, saí e fui para o
quarto ao lado, o do nosso filho, e sentei na poltrona, ao lado do berço, e
fiquei perdida nos meus pensamentos. As dores tinham passado, e eu percebi que
minha barriga crescia, discretamente, mais crescia. Lembrei-me da canção que
ele fez para o nosso filho e comecei a cantarolar, aquela seria a canção de
ninar.
-Amor! O Luan gritou do quarto, e eu me assustei.
Saí correndo, voltando para o nosso quarto, a voz
dele era a de desespero, parecia ter acontecido algo. Cheguei ao quarto e ele
estava sentado na cama, suava frio, e parecia assustado.
-Lú o que foi? Sentei ao lado dele.
-Vem cá! Ele me abraçou forte.
-Pesadelo? Perguntei quando ele desfez o abraço.
-Sim! Você estava onde? Ele perguntou, ainda se
acalmando, segurava minha mão muito forte.
-Estava no quarto do nosso filho,... pensando!
Baixei a cabeça.
-Está tudo ruim...! Ele ergueu minha cabeça.
-Culpa minha! O olhei.
-Acho que isso está consumindo a gente demais!
Ele acariciou meu rosto.
-Me consumindo! Sério se eu pudesse voltar o
tempo, mas como eu não posso, infelizmente, eu te prometo nunca mais fazer uma
burrada dessas. Você estava certo quando disse que eu sempre quis mostrar a
todo mundo que eu consigo fazer tudo sozinha, mostrar que eu sou forte e tal.
Eu sou uma estúpida mesmo, uma idiota! Odeio quando meu orgulho fala mais alto
que eu, e parece que com a gravidez aumentou... Está tudo mais intenso pra mim,
parece que tudo tem mais sentido, que tudo tem um significado a mais, parece
que tudo mudou. Eu estou mais sensível e ao mesmo tempo mais chata,... Ele me
calou com um beijo.
-Eu te amo chata! Ele sorriu.
-Sério? O olhei.
-Sério! Mais não sei se te desculpo! Ele sorriu.
-Pára Luan sério! Pare de brincar, poxa! Eu estou
muito mau com isso!
-Te desculpo, sim, chata! Ele me abraçou.
-Te amo demais, e te machucar me machuca o dobro!
O abracei forte.
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