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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O tempo está sem pressa

-Vou sentir sua falta!

-Se comporta e não apronta, promete?

Eu e o Luan nos despedíamos no aeroporto. Logo depois que a Mi e o Jú foram embora o Luan arrumou as malas e pediu que deixassem o bicuço pronto pra a viagem, até Londrina.

-Prometo! Vou me comportar sim!

-Eu te amo! Não se esquece de ligar. Ele pediu.

-Eu também te amo! Não esqueço.

Ele subiu as escadas e entrou. O bicuço decolou. Eu sabia que eram apenas dois dias sem o Luan, mas era uma eternidade, pra mim. Eu e ele convivíamos juntos. Como ele mesmo dizia; éramos, praticamente, casados. Dividamos sorrisos, olhares, trabalho, carinhos e dormíamos juntos. Ter ele longe mesmo que por horas era difícil. 

Cheguei em casa e fui tomar banho e me arrumar pra dormir. Dormi? Eu não iria conseguir dormir tão cedo. Já estava acostumada com ele ao meu lado. Já estava acostumado com ele me abraçando, com o cheiro e o calor dele, todas as noites.
Eu acabei me distraindo com alguns vídeos que as fãs haviam enviado pro Diário e não percebi a hora passar. Meu celular tocou e meu coração parecia dar pulos de alegria de tão forte que batia.

-Oi mor!

A voz dele era como melodia para os meus ouvidos.

-Oi mor! Chegou direitinho?

-Cheguei e adivinha?

-O que foi?

-To no estúdio gravando e fazendo alguns arranjos.

-Trabalhando mor? Pensei que ia descansar.

-Eu também! O Max ta aqui tirando fotos e gravando algumas coisas pra você pôr no Diário, depois.

-Tá, bom! Sabe a hora que vai sair?

-Não tem hora! É bom que eu vou me distrair e não sinto tanto sua falta. Eu te amo!

-Que lindo amor! Eu também te amo! Mais e eu aqui? Faço o que pra não sentir tanto a sua falta?

-Coloca as músicas pra dormir. (Ele riu) Meus pais e a Bruna mandaram beijo.

-Boa idéia, as músicas. Vou fazer isso! Manda outro e bom trabalho ai.

-Depois eu te ligo quando terminar, ou pra pedir algum palpite. Brigada amor! Boa noite bebê.

-Ta! Liga, mesmo! Boa meu bebê.

-O dia está passando devagar né? Comentei.

Os dias sem ele e sem a rotina maluca, de sempre, passavam devagar e eram sem graça. Tentava me distrair com outras coisas, por exemplo, naquele momento estava assistindo a um filme, no quarto, com a Milena, mas não fazia o tempo passar rápido. Claro que eu amei ficar em casa, como antes, com meus pais e podendo curtir os meus amigos. Mais faltava algo, algo pra completar, algo que fizesse o dia ficar perfeito.

Senti falta daquela correria. E os gritos, as loucuras, os choros e as declarações que as fãs faziam? Fez falta! Tinha pegado a mania do Luan de sempre escrever “Família Luan Santana” no papel, quando achava um espaço em branco. Eram, realmente, especiais e encantadoras cada uma delas.

Ele fazia falta, a cada instante, pra ser mais precisa, a cada segundo. Minha mãe e meu pai achavam exagero até que, naquele mesmo dia, mais cedo, eu perguntei: “-Se vocês se separassem? Se a empresa mandasse vocês pra lugares diferentes? E quando um de vocês fica em casa, enquanto o outro viaja?” Eles me olharam e não me responderam, mas eu vi no olhar deles a resposta; eles ficariam e ficam do mesmo jeito. Quantas vezes eu já flagrei minha mãe e meu pai se falando três horas da manhã, quando um viajava e o outro não. Minha mãe mal consegue dormir sem meu pai do lado e meu pai quer falar com ela a todo instante. Eu e o Luan não éramos diferentes.

A Milena sorriu com o meu comentário.

-Você já falou com ele hoje? Ela perguntou.

-Já, quando ele voltou pra casa, depois do estúdio, acho que eram três e meia da manhã. Sorri.

-Nossa! Ele vai acordar tarde. A Mi comentou.

-Vai! Acho que só no final da tarde, isso se a mãe dele deixar! Ri.

-Ele não vai fazer churrasco, não? A Mi me perguntou.

Eu não ouvi a pergunta da Milena, estava perdida nos meus pensamentos. Lembrei de como era lindo vê-lo dormir, mesmo muito cansada havia vezes que eu preferia o ver dormir a dormir. Muitas vezes eu acordava assustada com o Luan falando, por muitas vezes dava risada do que ele falava. Eu amava o ouvir falar “Eu te amo B” quando ele estava dormindo.

-Amiga? A Milena me chamava e passava uma das mãos na frente do meu rosto.

-Foi mal amiga viajei aqui! O que foi?

-Eu percebi! E ele não vai reunir os amigos não?

-Deve, sei lá! Na hora ele liga, espero!

Eu e a Milena passamos o dia juntas. Ficamos na minha casa, meus pais havia saído programa de casal. Deixei eles se curtirem.

-Vou ligar pro Luan ele já deve ter acordado. Comentei com a Milena, eram quase duas da tarde.

Depois de algumas tentativas eu já estava irritada e ao mesmo tempo preocupada.

-E ai amiga?

-Nada! Ele vai ver!

Quando joguei o celular na cama ele ligou.

-Oi mor! Ele falou.

-Você está onde?

-To em casa!

-Fazendo o que? Que barulho é esse? E por que não atendeu o celular?

-Estava na sala com uma galera aqui, ai subi e vim te ligar.

-Com quem?

-Com uns amigos!

-E por que não me ligou quando acordou?

-Esqueci! Ele riu.

-Muito engraçado!

-Fui a uma reunião agora de manhã e quando eu voltei tinha uma galera aqui em casa. Mor fica brava não!

-Só não apronta!

-Cunha relaxa que ele ta comigo! A Bruna falou do outro lado da linha.

-Viu? A piroca ta aqui e outras duas primas minhas. Mor relaxa! E você está fazendo o que?

-Manda beijo pra ela! Eu estou aqui em casa, vou pedir pizza e desligar na sua cara! Ri.

-Quer ver você não desligar?

-Quero!

-Eu te amo, sua chata!

-Agora que eu desligo mesmo!

-Mentira, mentira amor! Você é a mais linda, a mais cheirosa e a mais gostosa!

-Vou fingir que acredito! Eu te amo seu mentiroso! Ri.

-Agora eu que vou desligar!

-Duvido!

-Não teria coragem! Eu te amo! Eu vou te ligar o resto do dia inteiro, você vai enjoar. É amanhã que você vem né?

-Enjôo nunca! É amanhã de tarde.

-De tarde? Queria de manhã!

-Seus sogros não acharam passagem pra de manhã.

-Vou mandar o bicuço! Mor eu vou desligar por que quem ta me chamando, agora, é minha mãe, depois te ligo. Te amo!

Ele cumpriu o que ele falou. Ele me ligou o resto do dia inteiro, e quando não ligava passava mensagem. Não enjoei, mas quem perdeu a paciência foi a Milena. Eu dava risada das caretas que ela fazia. Combinamos que o bicuço me pegaria às dez da manhã, do dia seguinte, e que passaríamos o dia juntos.

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