A minha relação com o Luan estava cada vez mais forte e madura. Algumas revistas destacaram a nossa postura e muitos falavam que éramos bem discretos e que sabíamos manter nossa privacidade, mesmo com todos os holofotes voltados para o Luan.
O que estava me intrigando não era a nossa relação e sim a de outras pessoas. A de pessoas que sempre admirei a das pessoas mais importantes em minha vida; meus pais. Quando eu ligava, eles tentavam disfarçar algo, eu sentia que as coisas não estavam bem. O Luan dizia que era coisa da minha cabeça, mas eu sabia que não era.
Desde pequena eu via o quanto eles se amavam. Eu sempre disse a minha mãe que se fosse pra casar eu queria que fosse com um homem que me amasse e que a nossa relação durasse que nem a dela com meu pai. Eu sempre admirei o amor deles, mesmo com o tempo não passava e eles não enjoavam um do outro, pelo contrário, ficavam mais apaixonados.
-De novo! Ta vendo, que não é coisa da minha cabeça! Minha mãe e meu pai, não estam bem! Eles disseram que estam na mesma cidade e quando eu preço pra falar com meu pai minha mãe diz que ele ta no banheiro, ou sei lá fazendo o que. Ela ta me escondendo alguma coisa!
-Mor não tira conclusões precipitadas tá? Daqui a um tempo a gente vai ter um tempo maior e você vai pra lá!
Estávamos em Londrina. O Luan teve um dia e meio de folga e passamos o dia entre o escritório e o estúdio de gravação. O Luan estava gravando e promovendo um trabalho de uma dupla, Conrado e Aleksandro, eles eram bons. Depois de apresentá-los aos fãs abri um espaço pra divulgação deles no Diário.
Eu estava no estúdio vendo as músicas que o Luan e os meninos gravavam. Na verdade estava com a cabeça nos meus pais.
-B?
Ouvi alguém me chamar ao longe e constatei que eu que estava longe, perdida nos meus pensamentos.
-Oi! Foi mal! Diz Dag!
-Olha isso! Eu bolei uma coisa bem legal pra você ajudar a promover os meninos no Diário...
Eu olhava pra Dag e via os lábios dela se mexendo mais não ouvia nada. Eu estava com medo dos meus pais, depois de vinte anos casados, se separarem. Eu estava sofrendo com isso, acho que mais do que eles. Ao final eu confirmei algo pra Dag, com a cabeça, e ela me entregou uma pasta eu peguei e comecei a foliar. Resolvi deixar pra depois o que a Dag tinha me incumbido e me distrair com as músicas no estúdio.
Depois da passada relâmpago por Londrina voamos, novamente, para São Paulo. O Luan teria mais dois shows por lá e teríamos cinco dias de folga, na verdade, eu teria o Luan passaria dois dias trabalhando no estúdio e dois tirando fotos.
-Promete que vai me atender? Perguntei a ele.
Estávamos dentro do bicuço, quase chegando a Salvador.
-Prometo mor! Se tiver tudo certo vai pra Londrina se não prometo que venho ficar com você.
-Ta!
-Mais vai dá tudo certo! Ele sorriu.
O pousamos e quem veio me receber foi o Ju e a Mi. Depois do Luan e eu nos despedirmos e do bicuço decolar, virei pra o Ju e a Mi.
-O que ta rolando?
-Não sei amiga. Você pediu pra eu observar seus pais mais não vi nada demais! O Ricardo lembra? O vizinho?
-Lembro! O que tem ele?
-Eu pedi pra ele observar também. Ele disse que a única coisa estranha foi que seus pais não estam se falando direito e que seu pai perguntou a ele sobre apartamento.
-E você não viu nada estranho? Ai! Milena claro que tem alguma...
-Sua mãe não disse que queria se mudar? Ela me interrompeu.
-Verdade! Confirmei.
-Então?
-E essa deles não se falarem direito? Me explica agora!
-Amiga sua mãe ta em casa ai ela te explica né?
Entrei no carro do Ju, eu não falei nada fiquei quieta imaginando a conversa com minha mãe. Me distrair com as brincadeiras do Ju e da Mi que sempre acabavam com um carinho. Cheguei a sorrir quando o Ju e a Mi brigaram por causa da música, um queria ouvir uma coisa totalmente diferente do outro.
-B, boa sorte! O Ju me falou quando chegamos à minha casa. Eu sorri e agradeci.
Subi até o andar da minha casa. Meu coração pulava. Quando abri a porta do elevador vi que umas malas estavam na porta e pensei que um dos dois estava saindo de casa. Minha mãe apareceu à porta e se assustou com aminha presença.
-Filha?!
-O que é isso? Perguntei.
-Seu pai vai viajar! Ela falou com lágrimas nos olhos.
-Viajar pra outro planeta? Por que eu nunca vi meu pai levar tudo dele pra uma viagem. Mãe o que está acontecendo?
-Pergunta pra o seu pai! Pergunta a ele o que ele fez! Pergunta quem ele fez de idiota! Pergunta!
-Mãe o que a senhora está dizendo?
-Filha vem comigo? Meu pai chegou e me assustou. Minha mãe bateu a porta.
-O que ela está dizendo?
-Vem comigo! O meu pai pegou minha mala e fomos até o carro dele. Ele me levou até a praia.
Durante o caminho eu olhava-o como quem procurava uma explicação. Meu pai estava traindo minha mãe? Eu não podia creditar, eu não queria nem pensar nisso. Chegamos e saímos do carro, sentamos na areia e ele começou.
-Lembra quando eu te trazia aqui? Você era pequenininha. Minha pequenininha...
-Pai eu lembro, mas eu quero muito saber o que está acontecendo!
-Esta bem! (Ele respirou fundo) Eu não traí sua mãe em momento algum, antes que pense isso. Acredita em mim?
-Ta! Acredito, mas o que aconteceu então?
-Eu antes de casar com sua mãe, estava noivo de outra pessoa. Eu larguei os meus planos pra ficar com sua mãe, seus avós não gostaram muito, por que sua mãe não tinha tanto dinheiro quanto eles, enfim. Eles tiveram que se acostumar e perceberam que sua mãe era melhor do que a que eu estava. Então... Eu desfiz o noivado e a menina, que eu estava noivo, sumiu. Simplesmente desapareceu. E antes de você começar a namorar com o Luan ela apareceu dizendo que na época ela ficou grávida e que me procurou por que o menino queria muito conhecer o pai. Tem a idade do Luan.
Eu olhei pra ele e me imaginei com um irmão. Seria legal.
-E por que só agora?
-Eu perguntei isso a ela. Ela disse que ele tinha ficado noivo e que queria muito conhecer, ou saber, quem era o pai e conhecer antes do casamento, ou até mesmo convidar, que era importante pra ele.
-Sim, e por que não contou pra minha mãe?
-Por que eu precisava saber se era verdade.
-E?
-É verdade! Então decidi não contar no cru pra sua mãe. Não contar do nada. Ai começou o seu namoro com o Luan e você saiu de casa. A gente percebeu que você tinha crescido. As viagens aumentaram sua mãe a toda hora queria saber de você. E eu não quis preocupá-la, ainda mais.
-Eu e o Luan já estamos muito bem! Minha mãe já se acostumou com minha vida e com meu namoro, há muito tempo! Por que só foi contar pra ela agora? Por que não contou antes? Como ela descobriu? Falava séria.
-Filha calma! Eu sei! Eu fiquei com medo e acontecer isso que está acontecendo agora. Eu não a contei! Ela viu o exame de DNA e quando eu cheguei, ela tinha posto minha mala pra fora com um bilhete dizendo que era pra eu procurá-la depois. No bilhete ela dizia do exame.
-E depois explicou tudo?
-Expliquei! Mais ela não quer mais me ver!
-Claro! Nem eu queria! Sabe o que é depositar tudo em uma pessoa? Sabe o que é fazer dessa pessoa sua vida? Sabe o que é trocar seus sonhos pelos dessa pessoa? Pai eu e minha mãe passamos por situações iguais. Ela não queria, nunca quis trabalhar nisso! Ela trocou o sonho dela pra ficar perto de você. Ela sabia que você sempre viajaria e ela quis fazer o mesmo que você pra ela viajar junto, pra ela ficar do seu lado!
Sabe o que me admira nisso tudo? O senhor sempre me passou que era compreensivo e verdadeiro e agora eu não estou vendo isso. E sabe do que mais? O Luan sabe e soube reconhecer o que eu fiz e o que eu faço por ele, e ele é bem mais novo que você! Foi uma falta de respeito e de consideração tudo o que fez!
Eu sei que não teve culpa. Não sabia que esse menino existia, mas quando soube por que não contou? Deveria ter contado desde o começo, talvez vocês não estivessem assim! Me levantei e saí andando.
-Filha eu já pedi desculpas! Meu pai veio atrás de mim.
-Desculpas? Acha que vai adiantar? Não vai! Essa ferida é maior pra se curar com um pedido de desculpas!
-E você?
-Eu? Eu vou pra minha casa e pra minha mãe! Só estou com raiva agora. Eu sei que é meu pai, mas minha mãe precisa de mim, mais do que você!
Fui até o carro, peguei minha mala e parei um taxi. Meu pai me observava e chorava.
-Eu sei que está doendo, mas pode ter certeza que ela está mais machucada. Brigada, por me fazer perder o chão! Entrei no taxi e fui pra casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário