Um jogo cheio de emoções

-Mãe não tá aqui! Onde a senhora colocou? Eu disse que não era pra mexer!

O Luan se mexeu na cama e eu me calei, não queria acordá-lo. Já era quase uma hora da tarde e eu deixei o Luan dormindo, ele precisava de descanso. Eu estava procurando uma blusa.

-Como não...

-Xi! Fala baixo, mãe, ele vai acordar! Pedi a minha mãe que chegou ao quarto reclamando.

-Você gritou pensei que ele já tinha acordado! Ta, sim, que a Maria colocou no seu guarda-roupa outro dia!

Minha mãe saiu do quarto. A Maria era uma faxineira que minha mãe chamava sempre quando ela e meu pai ficavam fora por mais de uma semana, ela era uma ótima pessoa.

-Ta aqui, ta aqui! Eu não sei onde! Resmunguei.

-Que foi mor? O Luan acordou.

-Mor desculpas o barulho! To tentando achar minha camisa do Bahêa! Sorri.

-Verdade! Hoje tem o jogo do seu timinho contra o timão!

-Meu timinho? Muito engraçado! O “Pituaço” é nosso meu filho!

-Vai ser moleza ganhar de vocês!

-Vamos ver!

-Aqui a sua camisa! Minha mãe entrou no quarto com uma cara feia, ela odiava está errada.

Eu abri um sorriso de vitória e ela saiu do quarto, batendo o pé.

-Eu disse que não estava aqui!

-Vou tomar banho! O Luan passou por mim com a toalha pendurado no pescoço.

-Sua mãe ligou. Avisei.

-E ela falou o que?

-Perguntou quando a gente ia pra lá.

-E você?

-Eu disse que eu não sabia, ainda, mas que você ia ligar pra ela, assim que acordasse.

-Vou tomar banho e comer ai eu ligo.

-Ta! Mais o banheiro é pra lá Luan! Dei risada e apontei a direção.

Ele voltou sorriu e foi tomar banho.

-Você disse o que pra sua mãe? Perguntei, a ele, depois que ele tomou café e falou com a mãe.

-Que eu ia hoje à noite.

Ele olhou pra mim como quem falava “e você?”, mas estávamos na cozinha e eu estava ajudando minha mãe a preparar a comida, isso era um assunto pra depois.

-Vou depois do jogo!

-Ta!

Ele virou e saiu da cozinha.

-Filha vai lá, conversar. Não esquece que ele ta com medo de acontecer algo, outra vez, ok?

-Ta! Fui atrás do Luan, que estava na varanda.

-Mor olha eu só queria ficar em casa quietinha. Entrei na varanda.

Ele virou e abriu os braços. Eu fui até ele e o abracei.

-Eu só estou com medo de...

-Acontecer algo, eu sei! Mais dessa vez eu vou ficar em casa. Prometo que vou na terça-feira. Sorri.

-Promete?

-Prometo!

-Bia o Júlio e a Milena...! Meu pai avisou, mais o Jú e a Mi entraram na varanda.

-E esse nosso Bahêa B? O Jú entrou todo empolgado e com a camisa do time.

-Só vai dá nós! Sorri.

-E a camisa? Por que não colocou? Ele perguntou.

-Se o Bahia ganhar você vai ser zoado a noite inteira! A Milena cumprimentava o Luan.

-Eu sei! O Luan coçou a cabeça.

-Vou pegar a camisa! Saí da varanda.

-E os shows Lú como foram? A Mi perguntou ao Luan.

-Foi massa! A galera muito empolgada. Lotados!

-Que desanimo é esse?

-Ele ta preocupado que o timinho dele vai perder pro tricolor de aço! O Jú brincou.

O Luan sorriu e respondeu:

-A B não vai comigo pra Londrina e da ultima vez, que a gente ficou separado... O Luan não terminou a frase o Jú e a Mi lembraram e entenderam o que ele queria falar.

-Pronto! To pronta! Que desanimo é esse? Entrei na varanda.

-A gente vai ficar em casa. Pode deixar! O Jú brincou.

-Luan esse papo de novo? Ah! Não! Vamos esperar o jogo começar. Quem quer comer? Perguntei.

-Eu! Os três responderam ao mesmo tempo.

Durante o almoço conversamos e rimos. Eu percebi que o Luan estava ainda tentando disfarçar a vontade, dele, de ouvir que eu ia com ele, mas eu queria ficar um pouco com meus pais, assim como ele queria também.

Na hora do jogo, os mais empolgados éramos eu e o Jú. O Luan ficou animado, mais era minoria e a Mi não gostava muito de futebol. Meu pai foi dormir e minha mãe assistir outra coisa no quarto.

-Pipoca? Eu perguntei.

-Vou te ajudar amiga! A Mi levantou e fomos fazer pipoca.

-Amiga o Luan ta meio tristinho. Comentei.

-É! Mais e você? Vai ficar mesmo?

-Eu vou ficar! Quero passar um tempo, mesmo que curto, com meus pais e na minha casa. Ele tem que entender!

-Eu sei amiga, mas ele ta com medo! Das últimas vezes que você veio pra cá só foram coisas ruins. Primeiro o acidente e segundo o tempo que vocês deram que foi barra para os dois.

-Eu sei, mas a gente ta bem agora e eu não vou sair. Eu quero ficar em casa! Sorri.

-Vocês vão ter quantos dias?

-Quatro! Mais eu prometi a ele que na terça-feira eu vou pra Londrina.

-Então você só vai passar dois dias aqui?

-É! Hoje e amanhã. Ele vai agora depois do jogo.

-Tem show onde depois?

-Eunápoles e em Ilhéus! Tem refri amor? O Luan havia acabado de entrar na cozinha.

-Tem! Abre a geladeira. A pipoca ta pronta! Pega copo Milena e trás a garrafa do refri, Luan.

Voltamos pra sala. Durante o jogo eu e o Jú perturbávamos o Luan de todo o jeito. Mais veio o que não queríamos o penalti a favor do Corinthians. O Luan se empolgou.

-Nem acredito! Que juiz ladrão é esse? O Jú reclamava.

-Não quero ver! Eu falei.

-Eu quero! O Luan falou.

E saiu o gol. O Luan vibrou e converteram-se os papeis. O Luan começou a perturbar eu e o Jú o restante do jogo, mas não demorou muito pro Bahia dominar a partida, mas o gol não saía.

-Só pode ser praga de corintiano! O Jú reclamava.

Até que o gol do Bahia saiu. Eu e o Jú gritamos e comemoramos.

-Ei vocês dois! Foi impedido! O Luan ria.

-Que merda velho! Juiz ladrão! Que...

-Júlio aqui em casa não! Pára de xingar! Eu pedi a ele.

-Foi mal! Ele se desculpou.

A partida termina e o Luan estava se achando. Discutimos o jogo por um tempo e o Luan confessou que o gol do Corinthians só havia saído por causa do penalti e que o Bahia tinha jogado muito bem. Os comentaristas falavam a mesma coisa e uns admitiram que o Bahia jogou melhor do que o Corinthians. Depois disso a Mi e o Jú foram embora.